A Eslováquia viveu seus momentos de maior brilhantismo quando ainda estava unida com a República Tcheca, ou seja, enquanto Tchecoslávaquia. No ano de 1976, a Tchecoslávaquia conquistou mesmo a Eurocopa com o auxílio determinante de jogadores cujo território de proveniência é, atualmente, a Eslováquia. Após a separação das duas nações, a realidade é que a República Tcheca tem sido mais bem sucedida, ao menos tendo em conta que é presença assídua em fases finais. A Eslováquia, por sua vez, tem sentido mais dificuldades para estar nos grandes palcos, sendo que essa será a segunda presença de sempre na fase final de uma Eurocopa e logo de modo consecutivo. Em 2016, na Eurocopa da França, a Eslováquia até chegou nas oitavas mas acabou naturalmente eliminada pela Alemanha.

A seleção da Eslováquia falhou o apuramento direto para essa Eurocopa 2020 por apenas um ponto. Inserida no grupo E junto com Croácia, País de Gales, Hungria (as três também estão a participar dessa Eurocopa) e Azerbaijão, a Eslováquia terminou no terceiro posto com 13 pontos em oito jogos (quatro vitórias, um empate e três derrotas), somente com menos um ponto que o País de Gales, falhando assim o “assalto” a um dos dois primeiros postos – em caso de empate, a realidade é que teria desvantagem no confronto com os galeses. À semelhança do que aconteceu com a Hungria, a Eslováquia teria a oportunidade de brigar por uma vaga na Eurocopa através do “play-off” da Liga das Nações da UEFA. A oportunidade, essa, não foi desperdiçada e os eslovacos se tornaram um pesadelo para os irlandeses. Na semi da zona B do “play-off”, bateram a República da Irlanda nas grandes penalidades por quatro a dois. Já no encontro decisivo que definia o apuramento, a Eslováquia foi a Belfast bater a Irlanda do Norte após prorrogação, por dois a um. Michal Duris, ao minuto 110, fez o gol que deu a vitória em uma exibição plena de cinismo por parte dos eslovacos, sempre expectantes e aguardando o erro do adversário. A classificação foi garantida e a Eslováquia sabe que repetir o desempenho de há cinco anos atrás já seria um grande feito, mas esse objetivo não se afigura fácil.

Foto: “AP”

Stefan Tarkovic, de assistente a principal

A Eslováquia é orientada por um técnico nacional, de seu nome, Stefan Tarkovic. Aos 48 anos, não tem o maior dos currículos, mas já bem trabalhando há algum tempo com o time nacional. Anteriormente treinador do Zilina, um dos bons clubes do país, Tarkovic já vinha desempenhando funções de assistente há alguns anos e esteve presente na Eurocopa 2016 com essas funções, auxiliando Jan Kozak. Em outubro de 2020, Tarkovic assumiu funções de selecionador principal a título interino, sucedendo a Pavel Hapal que desiludiu na Liga das Nações, mas viria a ser efetivado e a classificar a Eslováquia para essa Eurocopa 2020. Enquanto técnico principal, a experiência de Stefan Tarkovic não é vasta, mas tem a seu favor o facto de estar há algum tempo envolvido com o time nacional, de conhecer bem a realidade e os jogadores. A classificação à Eurocopa contribuiu para a melhoria do seu estatuto e a imprensa eslovaca reporta que é um homem respeitado pelo grupo.

Falar nesse time eslovaco (ainda) é falar em Marek Hamsik, jogador que fez carreira no Nápoles com seu corte de cabelo alternativo. Desconcertante, Hamsik tem hoje 33 anos e está longe do auge da sua carreira, tendo retornado recentemente ao futebol europeu após passagem pelos chineses do Dalian Pro. Em 2021, cumpriu alguns jogos com a camisa dos suecos do Goteborg, mas na temporada que se avizinha alinhará pelos trucos do Trabzonspor. Atualmente, Hamsik continua a ser uma referência e a atuar com regularidade pelo time nacional, mas essa Eslováquia não deve nem pode estar dependente de um jogador que está na fase da carreira em que Hamsik se encontra. Assim, ainda que haja espaço para o jogador que brilhou no Nápoles, essa equipe tem outros bons valores. E falando no Nápoles… O time do sul de Itália conta agora com outro jogador que se tornou nada mais nada menos que no eslovaco mais caro de sempre. Falamos de Lobotka, adquirido ao Celta de Vigo a troco de mais de 20 milhões de euros que deverá atuar no centro do terreno junto a Kucka e, claro Hamsik. Esse trio é fundamental para o bom funcionamento da manobra do time que tem no zagueiro Skriniar outra das suas unidades mais mediáticas, jogador da Internazionale que em 2016 se converteu no eslovaco mais novo de sempre a alinhar na fase final de uma Eurocopa. No “play-off” das eliminatórias para essa Eurocopa, a Eslováquia foi um exemplo de solidariedade defensiva e eficácia, tendo cedido a iniciativa ao adversário para atacar na altura certa. Essa ideia pode estar subjacente à estratégia a adotar nessa Eurocopa, mas frente a adversários mais capacitados, os eslovacos vão precisar produzir mais e fazer mais com bola por forma a terem alguma chance de alcançar algo positivo. Para o primeiro encontro no torneio, a tendência é a de que o time se apresente em uma versão próximo de um 1x4x5x1. Dubravka deverá ficar no gol, com Pekaric e Hubocan pelas laterais. Ao centro, Staka e Skriniar serão os eleitos, ao que tudo indica. Para lá do trio do meio composto por Lobotka, Kucka e Hamsik, nos flancos, Haaraslin e Mak procurarão estar no apoio mais direto ao atacante Duris. A ausência de um “matador” segue sendo um dos problemas desse time eslovaco.

Eslováquia na Eurocopa 2020

Fosse qual fosse o grupo em que caísse, a Eslováquia dificilmente seria das principais candidatas a se apurar para a fase a eliminar. No entanto, a realidade é que também não o era em 2016 (partilhou o grupo com País de Gales, Inglaterra e Rússia) e se apurou como uma das melhores terceiras colocadas ao conseguir quatro pontos. Nessa Eurocopa 2020, nos rejeitamos a colocar a Eslováquia fora das contas do apuramento para o “mata-mata”, mas seria desonesto dizer que, no papel, Espanha, Polónia e Suécia não são melhores. Os espanhóis são totalmente favoritos à vitória na chave, mas tanto poloneses quanto suecos aparentam exibir melhores condições para seguir em frente. As cotações das Casas de Apostas sugerem que a Eslováquia parte atrás dessas três adversárias no que diz respeito à briga pelo acesso à fase a eliminar.

Recordes da Eslováquia na Eurocopa

Longe vai a Eurocopa de 1976, disputada na também extinta Jugoslávia. A 20 de junho desse mesmo ano, em Belgrado, hoje capital da Sérvia, a Checoslováquia bateu a Alemanha nos pênaltis após uma igualdade a dois no final da prorrogação e conquistou a competição. Durante a união com a República Tcheca, os eslovacos participaram de três Eurocopas, ao passo que esta será a segunda enquanto nação independente, depois de em 2016 terem chegado nas oitavas. Contabilizando encontros de quando as duas nações estavam agregadas, Koloman Gogh, Ladislav Jurkemik, Michal Masny e Anton Ondrus são os jogadores com mais partidas em fases finais da Eurocopa – um total de seis cada.

Marek Hamsik, Ondrek Duda e Vladímir Weiss são os três jogadores relacionados para essa Eurocopa que já fizeram gols na fase final da competição – no caso, em 2016, claro está.

Boas Apostas!