Organizou a prova em seu território, lhe tomou o gosto e não mais falhou. A seleção da Suécia nunca tinha participado da fase final de uma Eurocopa até 1992, ano em que recebeu o torneio em seu território, chegou nas semis (melhor prestação de sempre até os dias de hoje) mas viu a rival Dinamarca (que nem estava apurada e foi repescada) conquistar o troféu. Daí para cá, tem sido presença assídua em todas as Eurocopas, dado que esteve em 1996 na Inglaterra, em 2000 na Bélgica/Holanda, em 2004 em Portugal, em 2008 na Áustria/Suíça, em 2012 na Ucrânia/Polônia e, finalmente, em 2016, na França. Os homens do norte da Europa também participaram da última edição da Copa do Mundo em 2018, na Rússia, sendo que surpreenderam ao superarem seu grupo na primeira posição, mas caíram nas quartas para a Inglaterra. Zlatan Ibrahimovic, principal referência do futebol sueco nos últimos anos, havia anunciado seu retorno para disputar essa Eurocopa após longa ausência, mas uma lesão sofrida no início do mês de maio ao serviço do AC Milan não permitirá ao atacante participar da competição. Faz um tempo que o pós-Zlatan já é uma realidade para essa Suécia que segue sendo uma seleção bem competitiva e acredita que é possível “quebrar o enguiço” e chegar na fase a eliminar, etapa de uma Eurocopa à qual não chega desde o Euro 2004, em Portugal. No ciclo de preparação para disputar a competição, Dejan Kulusevski testou positivo à COVID-19 e foi prontamente isolado, mas o selecionador Janne Andersson acredita que poderá contar com o jogador a partir da segunda jornada da fase de grupos.

Em seu ciclo de apuramento para essa Eurocopa 2020, a Suécia cumpriu com a expectativa e confirmou seu favoritismo ao acesso no Grupo F das eliminatórias, partilhado com Espanha, Noruega, Roménia, Ilhas Faroé e Malta. Superior a todas essas adversárias “no papel”, exceção feita ao caso da “La Roja”, foi precisamente frente aos espanhóis que o time sueco consentiu seu único desaire, tendo ainda assim travado esse adversário em Estocolmo, ao empatar a uma. Agora, ironia do destino, Suécia e Espanha vão voltar a estar frente a frente na fase final dessa Eurocopa 2020, dado que o sorteio da chave assim ditou.

Foto: “Jonathan Nackstrand/AFP”

No seu ciclo de apuramento, em dez desafios, Suécia fez 21 pontos, cortesia de seis vitórias, três empates e uma derrota, com um total de 23 gols marcados e nove sofridos, segundos melhores desempenhos da chave tanto em termos ofensivos quanto defensivos.  O desempenho sueco na classificação foi positivo, mas o ano de 2020 ficou aquém, dado que os suecos caíram para a zona B da Liga das Nações da UEFA. Ainda assim, serve de atenuante o facto de terem integrado o grupo 3 junto com França, Portugal e Croácia, três seleções teoricamente mais fortes.

Já nesse ano de 2021, a Suécia chega na Eurocopa com um registo 100 por cento vitorioso, mas está claro que os cinco adversários com os quais mediu forças estão abaixo do nível das congéneres que defrontará nessa fase de grupos da Eurocopa. Na fase de classificação para a Copa do Mundo FIFA 2022, bateu a Geórgia (1-0) e o Kosovo (0-3), batendo ainda a Estónia (1-0) em um amistoso. Já nos dois mais recentes compromissos de preparação, os suecos bateram a Finlândia por dois a zero (também vai estar nessa Eurocopa) e de seguida se superiorizaram à Armênia (3-1).

Janne Andersson

O selecionador Janne Andersson assumiu os destinos da equipe nacional em 2016, após uma participação na Eurocopa 2016 que se revelou uma desilusão. Até então, Andersson vinha fazendo carreira no futebol nacional, com passagens por Halmstads, Orgryte e Norrkoping. Foi precisamente ao serviço do Norrkoping que conquistou a Allsvenskan, em 2015, conduzindo o time ao sucesso e encerrando um jejum que durava desde 1992. Esse feito lhe valeu o convite para a seleção sueca, prontamente aceite. Desde então, classificou a equipe sueca para a Copa do Mundo de 2018, chegou nas quartas da competição, classificou o time para a fase final dessa Eurocopa 2020 e também guiou a equipe à zona A da Liga das Nações (entretanto já caiu para a zona B). Posto isto, a avaliação do trabalho feito por Andersson até então deve ser positiva, restando agora fazer melhor que seu antecessor na Eurocopa de 2016 – o que provavelmente não será tão difícil assim.

Solidez sueca

A seleção da Suécia se apresenta nessa Eurocopa 2020 com várias unidades que também marcaram presença na Copa do Mundo 2018 e a realidade é que provavelmente até poderá manter talvez metade do onze inicial que se despediu da prova disputada na Rússia ao perder para a Inglaterra. A expetativa é a de que essa equipe sueca se apresente em um sistema próximo de um 1x4x4x2 clássico, sistema privilegiado por Andersson desde que assumiu a equipe. Atrás, robustez e coesão, no meio, equilíbrio, na frente, velocidade e tentativa de criar condições para potenciar as qualidades de jogadores como Forsberg, Kulusevski ou Isak. Essa é uma forma uma forma algo “sui generis” de definir esse coletivo sueco dado que todos os setores estão interligados e uns não funcionam sem os outros, mas diríamos que nesse time sueco, o entrosamento e o conhecimento que os jogadores têm uns dos outros pode ser a chave para um bom resultado nessa Eurocopa.

Suécia na Eurocopa 2020

A Suécia parte atrás da Espanha nesse Grupo E. Diríamos que está em um pedestal idêntico ao da Polônia e as cotações que das Casas de Apostas associadas às hipóteses de uma e outra equipe no que concerne à passagem à fase seguinte também refletem isso. A Eslováquia surge aqui como a equipe menos cotada do grupo, mas em uma prova curta como a Eurocopa, tudo pode acontecer. O mesmo se aplica ao confronto entre espanhóis e suecos que até será o primeiro das duas equipes nessa Eurocopa. Assim, acreditamos que a Suécia tem chances no que respeita ao acesso à etapa a eliminar e, mais que isso, temos a convicção de que fará melhor que na última Eurocopa, quando se despediu da prova com apenas um ponto conquistado. Poderemos ter aqui uma interessante briga com a Polônia pelo acesso à fase seguinte.

Recordes da Suécia na Eurocopa

Essa será a sexta presença da seleção da Suécia em uma fase de grupos. Sua melhor prestação continua a remontar a 1992, ano em que organizou a prova e chegou surpreendentemente nas semis, isso após vencer um grupo em que estavam Inglaterra, França e a rival e futura campeã Dinamarca. Desde então, a chegada nas quartas da Eurocopa 2004 corresponde ao melhor desempenho para essa nação que em 2016 se despediu sem glória da prova disputada em França e quer agora “limpar” essa imagem – vale lembrar que além de ter conquistado somente um ponto, a Suécia também fez apenas um tento e que foi um gol contra do irlandês Ciaran Clark.

Zlatan Ibrahimovic, Andreas Isaksson e Olof Mellberg são os suecos com mais internacionalizações em Eurocopas (13 cada), seguidos de Kim Kallstrom, com 12. Em termos de golos, Zlatan continua a ser o maior artilheiro com seis, seguido de Henrik Larsson (4) e Tomas Brolin (3). A título de curiosidade, Jordan Larsson, filho de Henrik, está entre os relacionados da Suécia para participar dessa Eurocopa 2020.

Boas Apostas!