A boa campanha na Copa do Mundo 2018, disputada atuando em seus domínios, aumenta a expetativa da torcida russa para encarar essa participação na Eurocopa 2020, até porque os eleitos de Stanislav Cherchesov vão disputar dois dos três jogos nesta fase de grupos no estádio Krestovsky, em São Petersburgo. A Rússia tem motivos para acreditar que pode garantir um lugar no “mata-mata”.

A seleção da Rússia possui um rico histórico em Eurocopas. Primeiro como União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (participou com essa designação em cinco edições), posteriormente como Comunidade dos Estados Independentes e, atualmente, respondendo precisamente por Rússia. O melhor desempenho da história dos soviéticos remonta a 1960, ano em que, liderada pelo lendário goleiro Lev Yashin, a Rússia ergueu a primeira edição da Taça das Nações Europeias, em uma fase final com somente quatro equipes a concurso. Em 1964, 1972 e 1988, terminariam na segunda colocação, ainda enquanto União Soviética, ao passo que a primeira e única participação enquanto Comunidade dos Estados Independentes, na Eurocopa de 1992 em solo sueco, culminaria logo na fase de grupos. Já enquanto Rússia, o melhor desempenho aconteceu em 2008 com a terceira colocação na Eurocopa da Suíça e Áustria, edição em que Arshavin esteve em franco destaque. Os russos participaram das últimas quatro edições da Eurocopa, mas o desempenho em 2016 foi uma tremenda desilusão: os russos se despediram da competição logo na fase de grupos com apenas um ponto conquistados e o mau desempenho teve consequências, resultando no despedimento de Leonid Slutsky, técnico conhecido por seu caraterístico balançar enquanto se senta para orientar o time. Para o seu lugar, com o desígnio de preparar a participação na Copa do Mundo jogada em casa, chegou o “general” Stanislav Cherchesov, técnico cuja popularidade disparou após a mais recente participação na Copa do Mundo da Rússia. Atuando em casa, os russos avançaram no segundo posto do grupo A e marcaram duelo com a Espanha. Aí, bateram “La Roja” na decisão através da marcação de pênaltis e marcaram encontro com a Croácia. Nessa ocasião, após uma igualdade a dois, a seleção “Vatreni” foi mais forte nos pênaltis e colocou um ponto final no percurso da equipe soviética na competição. Enquanto Rússia, a seleção soviética nunca tinha chegado tão longe, sendo que não almejava essa fase do torneio desse 1970, na Copa do Mundo do México, ainda como União Soviético.

Foto: “Alexander Demianchuk/TASS”

O sorteio da fase de grupos da Eurocopa 2020 ditou um reencontro. À semelhança do que aconteceu na etapa de classificação para a prova, a seleção da Rússia volta a encontrar a Bélgica, adversária às mãos da qual sofreu as únicas duas derrotas na etapa de apuramento. Exceção feita a esses dois desafios, a Rússia venceu os restantes oito jogos diante de Escócia (também vai estar na Eurocopa), Chipre, Cazaquistão e San Marino. Os russos cumpriram com suas obrigações nessa etapa de classificação e conseguiram confirmar a presença na fase final da competição sem grandes dificuldades, sendo que foram mesmo dos primeiros times a conseguir garantir a vaga.

O “General” Cherchesov

Nascido em Alagir (extinta União Soviética) em 1963, Stanislav Cherchesov foi goleiro durante sua carreira enquanto jogador, representando Spartak Vladikavkaz, Spartak Moscovo, Lokomotiv, Dynamo Dresden e Tirol Innsbruck, antes de se retirar em 2002, com a camisa do Shakhtar. Chamado para três edições da Eurocopa e uma Copa do Mundo, Cherchesov somou 39 internacionalizações com a camisa da URSS/CEI/Rússia. Enquanto treinador, iniciou sua carreira em solo austríaco ao serviço do FC Kufstein, passou pelo Wacker Innsbruck e posteriormente retornou à Rússia, em 2007, para orientar o Spartak Moscovo. Passou por Zhemchuzhina Sochi, Terek Grozny e Dynamo Moscovo antes de, em 2016, rumar à Polónia para ganhar campeonato e Taça ao serviço do Legia Varsóvia. Sua aventura enquanto selecionador russo começaria nesse mesmo ano ao suceder a Slutsky após a Eurocopa 2016. Daí para cá, é o que se sabe, com Cherchesov a se tornar apenas o segundo técnico de nacionalidade russa a guiar a equipe nacional ao “mata-mata” de uma grande competição desde o colapso da URSS. Aos dias de hoje, Stanislav Cherchesov segue bem cotado junto da torcida russa, ainda que as prestações na Liga das Nações da UEFA não tenham sido propriamente auspiciosas.

Os russos se apresentarão nessa Eurocopa com algumas mudanças em relação à equipa que disputou a maioria dos jogos na Copa do Mundo 2018. Começando pelo gol, Akinfeev já não estará defendendo as redes, dado que decidiu colocar um ponto final em seu percurso na seleção. Atentando no time que foi titular no time que ditou a eliminação da Copa, importa referir que a dupla de zagueiros Ignashevich – Kutepov não aturará nessa Eurocopa, nem Samedov, jogador que também já renunciou à seleção. Assim, Anton Shunin foi o titular nos últimos encontros e a tendência é para que continue a ser o escolhido, goleiro que tem toda uma carreira dedicada aos moscovitas do Dynamo. À sua frente, a dupla de zagueiros deverá ser composta por Georgi Dzhikiya, habitual titular do Spartak que conta já com mais de 30 internacionalizações e por Andrey Semyonov, defesa do Akhmat Grozny que tem participado dos jogos das eliminatórias e da Liga das Nações. Mais à frente, Daler Kuzyaev, do Zenit, deverá assumir a titularidade no lugar que outrora foi de Samedov.

Quanto ao sistema, já vimos Cherchesov alinhar a sua Rússia a partir de um 1x3x4x3 que se desdobre numa linha mais recuada de cinco em momento defensivo, mas a realidade é que os russos têm privilegiado um esquema próximo do 1x4x2x3x1 nos seus mais recentes desafios. Cherchesov quer que o seu esquema vise servir Dzyuba da melhor forma possível, avançado russo que é um autêntico portento físico. No meio, o virtuosismo de um dos Miranchuk e de Golovin poderá fazer toda a diferença, sem esquecer a capacidade que esta equipa denota nas bolas paradas. Golovin é um exímio batedor de bolas paradas e Dzyuba uma feroz ameaça no jogo aéreo, perspetivando-se que dê muito trabalho a todas as defesas contrárias. O jogador que desempenhou um importante papel na campanha do Mónaco é o principal criativo desta Rússia e a unidade mais diferenciada, capaz de proporcionar diferentes soluções ao jogo da sua equipa. Desengane-se, no entanto, quem crê que todo o virtuosismo desta equipa russa reside nos pés de Golovin: também unidades como Denis Cheryshev ou Aleksi Miranchuk podem fazer a diferença pela qualidade individual que denotam.

Rússia na Eurocopa 2020

A seleção da Rússia acalenta legítimas aspirações no que toca ao acesso ao “mata-mata” da Eurocopa. Sorteada no grupo B junto com Bélgica, Finlândia e Dinamarca, a equipe russa parte atrás dos belgas, diríamos que está em um pedestal idêntico ao da Dinamarca e que é mais forte que a Finlândia. O único dos três encontros que a Rússia disputará fora do seu território será precisamente com a Dinamarca, em Copenhaga, sendo que esse é naturalmente um fator a ter em conta. Ainda assim, dado que se vão apurar os melhores terceiros colocados de cada agrupamento, a expetativa é a de que os russos consigam mesmo a classificação para a fase a eliminar dessa Eurocopa 2020. As cotações disponibilizadas pelas Casas de Apostas abonam a favor desse cenário.

Antes de estrear na fase final da Eurocopa 2020 a 12 de junho, frente à Bélgica, a equipe russa vai ter dois amistosos de preparação, o primeiro frente à Polônia e 1 de junho e o segundo frente à Bulgária, no dia 5. Poderá acompanhar os melhores prognósticos de futebol para todos jogos da Eurocopa no nosso portal.

Recordes da Rússia na Eurocopa

Já efetuámos um retrospeto relativo a todas as participações da Rússia na Eurocopa, independentemente da designação com que se apresentou. Enquanto Rússia/Comunidade dos Estados Independentes, a equipe soviética participou de seis fases finais da Eurocopa, mas só por uma vez conseguiu alcançar a fase a eliminar, precisamente em 2008.

Sergei Iganshevish é o jogador com mais partidas disputadas ao serviço da Rússia em fases finais da Eurocopa, com um total de dez. Aleksandr Anyukov surge logo a seguir com nove e há três jogadores com oito, um deles que ainda poderá marcar presença dessa fase final da Eurocopa 2020: Yuri Zhirkov, jogador que tem oito partidas disputadas, tal como Igor Akinfeev e Roman Pavlyuchenko, este último, o maior artilheiro da Rússia em fases finais com quatro gols marcados.

Boas apostas!