Reunião do IFAB decidiu liberar testes com o uso de vídeo no futebol.
Na manhã do sábado dia 05 de março, ocorreu o 130º encontro anual do IFAB (International Football Association Board) realizado em Cardiff, no País de Gales . O Comitê é o responsável por determinar as regras do futebol e foi criado em 1886. O IFAB, juntamente com a FIFA (a Federação Internacional de Futebol) discutiram algumas novas medidas. A medida que mais chamou a atenção foi a aprovação do uso de tecnologia de vídeo para auxiliar os árbitros em partidas de futebol. Tanto a IFAB, quanto a FIFA deram sinal verde para testes com o auxílio de vídeo. Os testes devem ser iniciados até no máximo na temporada de 2017/18.
Segundo comunicado no site da Fifa, “a expectativa não é atingir 100% de eficiência nas decisões para cada acontecimento do jogo, mas evitar claramente decisões incorretas em lances que definam resultados: gols, pênaltis, cartões vermelhos diretos e erro no jogador a ser advertido”. A ideia é que haja um período de pré-testes, com treinos de capacitação para os árbitros.
A IFAB detalhou que existirá uma espécie de árbitro extra, que terá acesso a replays , poderá revisar a jogada a pedido do árbitro ou poderá avisar sobre algum lance importante que o juiz não viu. O novo presidente da FIFA Gianni Infantini disse em entrevista coletiva: “Tomamos realmente uma decisão histórica para o futebol. A IFAB e a Fifa estão agora liderando o debate e não paralisando-o”… “Mostramos que estamos ouvindo o mundo do futebol e aplicando o senso comum. Temos de ser cautelosos ao tomar medidas que mostram que uma nova era está começando na Fifa e na IFAB”, completou.
A vez passada que a FIFA deu abertura em relação ao uso de novas tecnologias no futebol, foi quanto a tecnologia da linha de gol. Ver o texto em nosso site sobre a tecnologia da linha de gol.
Precursores do projeto
Manoel Serapião, Lukas Brud, David Elleray e Sérgio Corrêa.
Na foto destacada: (da esquerda para a direita) Manoel Serapião, autor do projeto da CBF “Árbitro de vídeo”, Lukas Brud e David Elleray, da IFBA , e Sérgio Corrêa presidente da Comissão Nacional de Arbitragem.
Embora a FIFA tenha concordado em começar a usar a tecnologia com o início marcado para no máximo até 2017, a CBF está disposta a acelerar o processo. Sérgio Corrêa disse que espera começar a usar a nova tecnologia de auxílio de vídeos nas partidas do campeonato brasileiro já depois das olimpíadas em agosto deste ano. O presidente da Comissão Nacional de Arbitragem diz que aguarda a autorização da IFAB com um cronograma oficial para a implementação. Mas o mais provável é que a autorização seja para o ano de 2017, pois a FIFA deseja fazer uma ampla divulgação da tecnologia, para os clubes, torcidas e um treinamento exclusivo para árbitros que irão ficar responsáveis pela parte de conferência dos vídeos.
Ao todo, confederações de 13 países já haviam manifestado o interesse em adotar o uso da tecnologia para os árbitros, inclusive a CBF, que apresentou sua ideia à IFAB após a sucessão de erros no Campeonato Brasileiro de 2014.
Segundo Corrêa, o projeto da Fifa, Video Assistant Referees (Árbitro assistente de vídeo, em português), é inspirado no projeto da CBF “Árbitro de vídeo”, proposta criada pelo ex-juiz e atual diretor técnico da Escola Nacional de Arbitragem de Futebol, Manoel Serapião Filho. A FIFA apenas acrescentou alguns detalhes e estipulou mais regras. A CBF já tinha solicitado em setembro de 2015 o uso de vídeo na arbitragem mas foi vetada.
A CBF já tem tudo engatilhado, precisará de 12 à 15 milhões de reais para implantação do sistema em todos os estádios da Série A. O sistema conta com até oito câmeras exclusivas para o árbitro de vídeo. Sérgio Corrêa ainda revelou detalhes do sistema: “Somente o árbitro central pode pedir revisão. Nenhum jogador, nem treinador, ninguém pode pedir o uso de vídeo” … “Em campo, ninguém pode fazer indagação ao árbitro. Somente o árbitro central pode pedir revisão. Nenhum jogador, nem treinador, ninguém pode pedir o uso de vídeo. Os assistentes podem recomendar ao árbitro, mas também não podem pedir”…“Não temos dúvidas da evolução que o projeto proporcionará ao futebol” comentou Sérgio Corrêa.
Tecnologia de vídeo em outros esportes
Árbitro vídeo em um jogo de Rugby em 2000 na Inglaterra.
A tecnologia já é amplamente usada em outros esportes como na NBA, no Tênis, no Volêi, no Rugby, na NFL, e no Judô. Na NBA os árbitros usam a tecnologia principalmente quando o relógio está zerando. Já no tênis, que começou a usar a tecnologia em 2006, ajuda em lances polêmicos. O jogador tem direito a exigir um desafio quando discorda da marcação do árbitro, pedindo a revisão da jogada no vídeo. O árbitro também pode solicitar o auxílio do vídeo. No vôlei que começou a usar em 2012, o uso do Hawk-Eye (olho de águia) dá o direito de cada equipe pedir desafio pelo menos duas vezes por set.
No Rugby, em um jogo da união do rugby da Inglaterra contra a Austrália, em novembro de 2000 foi a primeira vez que um árbitro vídeo foi usada na Inglaterra. Na NFL (National Football League, liga de futebol americano) é uma das precursoras no uso da tecnologia de vídeo desde 1976. O desafio pode ser solicitado somente duas vezes a cada jogo. Para solicitar o desafio, o técnico atira uma toalha vermelha em campo. A Federação Internacional de Judô implementou o uso de vídeos em 2012. Agora em vez de três árbitros no tatame, temos apenas um, os outros dois passaram a analisar a luta em um monitor.
Boas Apostas!