Cinco anos depois de rubricar sua melhor prestação de sempre em uma Eurocopa, a seleção da Suíça se prepara para participar da competição pela quinta vez em sua história. Vladimir Petkovic continua ao leme de uma equipe que, há três anos atrás, também esteve na Copa do Mundo da Rússia. Há talento nessa equipe que chega na Eurocopa determinada em avançar a partir do grupo A, partilhado com Itália, Turquia e País de Gales.
A primeira participação da seleção da Suíça na fase final de uma Eurocopa remonta a 1996. Os suíços se despediram da prova logo na fase de grupos com um empate e duas derrotas, mas com o mérito de terem travado a anfitriã Inglaterra (1-1) no encontro inaugural. Dado que não se qualificaram para o Euro 2000 realizado na Bélgica e na Holanda, os helvéticos só voltaram a estar em uma fase final de Eurocopa em 2004, viajando para Portugal. O saldo final foi o mesmo: um empate, duas derrotas e consequente despedida precoce, logo na primeira fase. Foi preciso esperar por 2008, Eurocopa organizada pela própria Suíça em conjunto com a Áustria, para que seu povo celebrasse, enfim, a primeira vitória na fase final da competição. Na última rodada da fase de grupos, com Portugal já apurado para as oitavas e os suíços sem chances de apuramento, os anfitriões levaram a melhor por duas bolas a zero no relvado de Basel com dois gols da autoria de Hakan Yakin, para infelicidade dos milhares de emigrantes “lusos” que assistiram ao encontro nas arquibancadas do St. Jakob Park – vale lembrar que a Suíça é um dos principais destinos dos emigrantes portugueses. Apesar desse laivo de alegria, a Suíça se despediu, uma vez mais, na primeira fase da competição. Uma vez que falhou a classificação para a Eurocopa 2012 disputado na Polónia e na Ucrânia, a Suíça voltou ao maior palco do futebol europeu em 2016, na “vizinha” França. Aí, os suíços fizeram história ao confirmarem seu favoritismo ao acesso: terminaram o grupo A na segunda posição, apenas atrás da França e à frente das congéneres de Albânia e Romênia. Nas oitavas, uma derrota com a Polônia nos pênalties ditou o “adeus” à competição, ficando para a história o grande gol de bicicleta de Xherdan Shaqiri, jogador que, aos dias de hoje, continua a ser uma referência dessa seleção.
O percurso da Suíça na competição continental não é dos mais ricos. Curiosamente, tem mais participações em fases finais de Copas do Mundo que de Eurocopas, a última delas em 2018, atingindo as oitavas da Copa disputada na Rússia.
Um dos maiores destaques na história recente da seleção da Suíça corresponde à chegada na “final-four” da edição inaugural da Liga das Nações da UEFA, tendo saído derrotada na semi, às mãos de Portugal, nação que acolheu os jogos dessa fase da prova.
No caminho para a fase final dessa Eurocopa 2020, a seleção da Suíça integrou o grupo D, junto com Dinamarca, República da Irlanda, Geórgia e Gibraltar. Os suíços acabaram vencendo a chave dessas eliminatórias com 17 pontos conquistados em oito encontros, mais um que a Dinamarca e quatro a mais que a República da Irlanda. Um desempenho bem satisfatório.
Nos três encontros disputados nesse ano civil de 2021, a Suíça venceu a Bulgária (1-3) e a Lituânia (1-0) nas eliminatórias para a Copa do Mundo 2022 e bateu a Finlândia em um amistoso (3-2). Os três compromissos foram disputados nas datas FIFA de maio – vale lembrar que a CONMEBOL suspendeu os encontros agendados para essas datas por conta da pandemia COVID-19.
Petkovic e uma renovação sustentada
Os responsáveis pelo futebol suíço estarão naturalmente satisfeitos com o trabalho do técnico Vladimir Pektovic ao leme da seleção. O técnico rendeu Ottmar Hitzfeld após a Copa do Mundo 2014 e, daí para cá, apurou a Suíça tanto para o Euro 2016 quanto para a Copa do Mundo da Rússia, superando a fase de grupos nas duas ocasiões e conquistando, enfim, aquele que é o melhor resultado da Suíça em uma Eurocopa até os dias de hoje.
Petkovic tem procurado renovar as fileiras da seleção da Suíça de forma sustentada e têm surgido alguns talentos interessantes. Procedendo a um retrospeto e “pegando” no encontro que ditou a eliminação da Copa do Mundo 2018, é certo que jogadores como Djourou, Dzemaili ou Behrami já não constam entre as opções de Petkovic, mas as principais referências da equipe são as mesmas: Granit Xhaka e Xherdan Shaqiri, os dois jogadores mais diferenciados desta formação helvética. Não queremos, com isto, desvalorizar as restantes unidades da seleção da Suíça até porque logo na introdução tecemos comentários elogiosos ao talento que esta formação reúne, mas é nesses dois jogadores que jogam em Inglaterra que continuam a assentar os “pilares” desta Suíça. Por outro lado, os últimos anos trouxeram bons nomes “à tona”: Manuel Akanji é um desses casos, Kevin Mbabu é outro – o jogador do Borussia Dortmund já esteve na Copa do Mundo da Rússia, mas Mbabu fará mesmo sua estreia absoluta em fases finais de uma grande competição nesse Euro 2020.
No que à organização dessa Suíça diz respeito, acreditamos que possam existir algumas diferenças em relação ao que exibiu na Copa do Mundo por dois motivos: por aquilo que Petkovic já testou e exibiu nos jogos pós-Copa e pelas caraterísticas de alguns dos seus jogadores e das questões estratégias com as quais se sentem mais confortáveis derivado da forma como jogam em seus clubes, isso sobretudo do ponto de vista defensivo. Tudo dependerá também do adversário e daquele que Petkovic acreditar que o encontro solicitará, mas acreditamos que os suíços atuem perto de um 1x3x4x3. Atrás, jogadores como Akanji e Elvedi dão garantias em construção, ao passo que, no meio, o “relógio” Xhaka deverá ser acompanhado pelo experiente Freuler. Esta Suíça explorará muito os corredores potenciando as qualidades de Ricardo Rodríguez e Mbabu – não é novidade -, necessitando de médios fortes na cobertura, capazes de dar garantias nesse sentido. Na frente, Embolo e Shaqiri serão os principais desequilibradores no apoio a Haris Seferovic, elemento mais central do ataque suíço. Xhaka foi opção regular para Mikel Arteta no Arsenal, mas não fez das melhores épocas ao serviço dos “Gunners”, de resto, acompanhando o marasmo em termos coletivos. Se Xhaka estiver bem, as chances da Suíça em alcançar algo de positivo nessa Eurocopa vão sair naturalmente reforçadas.
Suíça na Eurocopa 2020
A Suíça se ficou pelas oitavas nas últimas duas ocasiões em que participou de fases finais de grandes competições e está claro que a ambição que move os responsáveis do futebol daquele país é a de estar pela primeira vez nas quartas de uma Eurocopa, mas esse objetivo nos parece demasiado ambicioso. A Suíça tem condições de passar a fase de grupos, porém, não seria propriamente escandaloso ver o time helvético se ficar pela primeira fase. Do nosso ponto de vista, os suíços partem atrás da Itália, estão em um pedestal idêntico ao da Turquia (ainda que nos pareçam mais fortes do ponto de vista coletivo e experientes) e ligeiramente acima do País de Gales, isso por consideramos que os “Dragões” poderão estar muito dependentes daquilo que Gareth Bale e Aaron possam vir a fazer, ao passo que, no caso da Suíça, embora existam duas unidades nucleares, o grau de dependência não seja o mesmo. De um ponto de vista global, diríamos que a Suíça tem capacidade para dar boa réplica à Itália que os encontros com Turquia e País de Gales têm tudo para ser bem nivelados. Fique a par das odds associadas a esse cenário nas principais Casas de Apostas.
Recordes da Suíça na Eurocopa
A Suíça acaba sendo um caso curioso dado que tem mais presenças e melhores participações em edições da Copa do Mundo que propriamente em Eurocopas. Já abordámos um pouco daquilo que tem sido o percurso dos helvético em edição da Eurocopa, com sua melhor prestação a ter acontecido em 2016, na França, com eliminação nas oitavas nos pênaltis. As três restantes prestações terminaram na fase de grupos e, nessa sequência, os suíços venceram em somente uma ocasião.
Stephan Lichsteiner e Valon Behrami, jogadores que já renunciaram à seleção, são os internacionais suíços com mais jogos em fases finais da Eurocopa: sete cada. Hakan Yakin, autor de dois gols na primeira vitória da história da Suíça em uma fase final da Eurocopa, é o melhor marcador helvético na competição com um total de três tentos apontados. Além de Yakin, nenhum outro jogador suíço marcou mais que um só golo em fases finais da Eurocopa.
Ao todo, em 13 encontros em fases finais da Eurocopa, a seleção da Suíça venceu apenas duas vezes. Em 2008 conseguiu o já citado triunfo frente a Portugal em Basel, ao passo que, em 2016, levou de vencida a Albânia em uma partida que ficou marcada do ponto de vista simbólico entre os irmãos Granit (Suíça) e Taulant (Albânia) Xhaka.
A Suíça se estreará na Eurocopa 2020 no dia 12 de junho, frente ao País de Gales, em Baku, capital do Azerbaijão e os primeiros prognósticos para apostas começam a surgir. Antes de realizar a primeira partida válida pela competição, a equipe suíça cumprirá dois encontros amistosos. A 30 de junho vai defronta os Estados Unidos, ao passo que, no dia 3 de junho, vai ter um confronto com a seleção do Liechtenstein.
Boas apostas!