Uma tradição dos Jogos Olímpicos, a Tocha Olímpica que chegou ao Brasil nesta última terça-feira (03) é usada desde 1936, nos Jogos Olímpicos de Berlim. De acordo com a tradição, a chama da tocha deve ser acesa alguns meses antes nas ruínas do templo da deusa Hera, que fica na cidade de Olímpia, na Grécia. Depois de acesa, a chama deve ser levada ao país sede dos Jogos Olímpicos, onde será conduzida em revezamento entre atletas e pessoas comuns até chegar ao Estádio Olímpico, onde acenderá a pira olímpica. Seguindo a risca toda a tradição, a tocha das Olímpiadas de 2016 foi acesa ainda em abril, em uma grande cerimonia no Templo de Hera, que contou com mulheres vestidas de sacerdotisas da deusa grega e danças. Também seguindo os costumes, a tocha que foi acesa por uma das ‘sacerdotisas’ foi passada para um atleta grego, o ginasta Eleftherios Petrounias, o qual passou a chama olímpica ao brasileiro Giovane Gávio, ainda na Grécia.

Chama olímpica sendo acesa em Olímpia, Grécia.

Chama olímpica sendo acesa em Olímpia, Grécia.

No revezamento da chama olímpica, o condutor é acompanhado por uma escolta que garante o caminho livre e que nenhum imprevisto aconteça durante a corrida, além de um carro de apoio, que garante o auxílio médico, água e a chama olímpica, para se por algum acaso a tocha se apague. A chama da tocha só pode ser ascendida depois do giro de uma chave na parte de baixo da tocha. A partir daí, são liberados uma mistura de butano e propano, deixando as chamas com cores mais belas, e quando o fogo entra em contato com essa mistura acontece o chamado “beijo” entre as tochas.

Chegada da Tocha no Brasil

Após isso, a chama foi enviada ao Brasil em um avião. Para a viagem, a chama olímpica foi dividida em quatro lamparinas e ao seu lado, estavam os seus guardiões, que foram treinados para acompanhá-las durante toda a viagem. Entre as funções desses guardiões, estava o controle do tamanho das chamas, não deixando que o querosene acabasse, já que por questões de segurança não foi permitido o reabastecimento dentro do avião. Além deles, tinham mais três guardiões, que foram treinados para acompanhar a tocha no revezamento. Estavam também no avião o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, o brasileiro ex-jogador de vôlei, Giovanne Gávio, alguns convidados de patrocinadores e da organização e os criadores da tocha olímpica brasileira, Gustavo Chelles e Romy Hayashi. Assim que o avião começou a sobrevoar Brasília, foi acompanhado por dois caças F5 da Força Aérea Brasileira.

Lamparinas com o fogo olímpico no avião a caminho do Brasil.

Lamparinas com o fogo olímpico no avião a caminho do Brasil.

Após o desembarque, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Nuzman, foi até o Palácio do Planalto, onde encontrou a presidente Dilma Rousseff. Em mais uma cerimonia olímpica, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, discursou pedindo a união do Brasil. “A chama olímpica chega à sua nova casa, o Brasil. Ela traz da Grécia um sentimento de união, inclusão e paz. A missão histórica da chama é promover a trégua, convocar a população para os Jogos que estão chegando. O Rio está pronto para entrar para a história, e o Brasil, pronto para receber o mundo”. Depois foi a vez do nadador Thiago Pereira falou algo. “Para mim é uma honra estar aqui agora, como todos os atletas aqui presentes. […] Temos que voltar a ter aquele orgulho da nossa bandeira”. Além deles, a presidente Dilma fez também um pequeno discurso, lembrando o momento politico complicado do Brasil. “A tocha será recebida com alegria em todas as cidades do nosso imenso Brasil. Em todas as cidades que passar, deixará claro que a Olimpíada se dá em cada canto do Brasil. Sabemos as dificuldades políticas que existem em nosso país hoje. Conhecemos a instabilidade política. Mas o Brasil será capaz de, mesmo convivendo com um período difícil, muito difícil e verdadeiramente critico da história e da democracia do nosso país, saberá conviver, porque criamos condições para isso, para a recepção de todos os atletas e visitantes estrangeiros. O que vale é a luta, e nós sabemos lutar. Somos todos olímpicos, somos todos Brasil”.

Dilma acendendo a tocha na pira olímpica e ao lado estão Nuzman e Fabiana.

Dilma acendendo a tocha na pira olímpica e ao lado estão Nuzman e Fabiana.

Depois que todos falaram, a presidente acendeu a tocha na pira olímpica e a deu para a jogadora de vôlei, Fabiana, que hoje é capitã da seleção brasileira de voleibol e já foi duas vezes campeã dos Jogos Olímpicos. A jogadora se mostrou muito feliz com a oportunidade de ser a primeira a carregar a tocha olímpica do Rio 2016. “Até agora estou sem palavras. É um momento histórico. Fico muito feliz de estar representando todos os atletas e o povo brasileiro nesse momento tão especial. […] A gente está se preparando para fazer o melhor e buscar mais um momento histórico, que é conseguir o tri”. Fabiana depois de iniciar o revezamento olímpico, passou a chama para Artur Ávila Cordeiro de Melo, o primeiro pesquisador brasileiro e da América Latina dono da Medalha Fields, o Prêmio Nobel da matemática. Na Catedral de Brasília, o ex-corredor Vanderlei Cordeiro de Lima recebeu a “chama sagrada”, e depois aconteceu o momento mais memorável do revezamento, quando a refugiada síria Hanan Khaled Daqqah Hanan de 12 anos carregou a tocha olímpica, representando todos os refugiados espalhados pelo mundo. Participaram também do revezamento a jogadora de vôlei, Paula Pequeno, a boxeadora Adriana Araújo e o surfista Gabriel Medina, além de outras pessoas anônimas que tiveram a oportunidade de carregar o principal símbolo olímpico.

Ao longo de todo o revezamento, a tocha percorrerá cerca de 300 cidades nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Serão ao total 20 mil km percorridos por 12 mil pessoas, sejam elas atletas ou não. O revezamento que começou no dia 03 de maio, será encerrado no dia 05 de agosto, na cerimonia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, no Maracanã.

Boas Apostas!