O início de 2025 representou um “virar de página” para a indústria do jogo no Brasil.

A entrada em vigor da regulamentação associada ao jogo online instaurou uma nova realidade e tornou esse mundo bem mais “mensurável”.

Ainda que o primeiro ano sob égide da atual regulamentação ainda não tenha terminado, os números já colocam o Brasil como quinto maior mercado de bets no mundo.

Brasil, o 5º maior mercado de bets no mundo

As estimativas indicam que as empresas de apostas online deverão faturar US$4,139 bilhões (cerca de R$22 bilhões) no Brasil em 2025, resultado que deverá posicionar o país como quinto maior mercado do mundo para o setor. Os dados foram obtidos pela BBC News Brasil com a consultoria da Regulus Patners.

Essas projeções se baseiam em relatórios financeiros de companhias abertas e em informações disponíveis sobre valores que são movimentados no setor.

Nesse “ranking” os Estados Unidos são líderes por larga margem, com uma receita em termos líquidos (após impostos) estimada em US$ 17,312 bilhões, ao passo que Reino unido (US% 9,901 bilhões), Itália (US$ 4,617 bilhões) e Rússia (US$ 4,515 bilhões) surgem imediatamente a seguir.

Uma vez que em 2024 ainda não havia regulamentação, essa é a primeira vez que o Brasil é considerado nessa lista dos maiores mercados da Regulus Partners. Em termos oficiais, a Secretaria de Prêmios e Apostas divulgou recentemente que as 78 bets que atualmente estão autorizadas a operar no país faturaram uma quantia de R$17,4 bilhões no primeiro semestre de 2025.

A tendência é para crescer, mas para já, o Brasil é o 5º maior mercado de bets no mundo.

A que se deve o crescimento do Brasil?

Paul Leyland, especialista da área de modelos econômicos, financeiros e de negócios em jogos de azar, falou à BBC Brasil em jeito de análise à atual conjuntura do mercado brasileiro.

De acordo com Leyland, tem vários fatores influenciando esse crescimento, considerando, no entanto, que “o impulso maior” correspondeu aos lockdowns durante a pandemia de covid-19.

A partir daí, a proibição históricas dos jogos de azar, a abertura do brasileiro para as novas tecnologias e a tendência para o consumo digital, a “ofensiva” de publicidade por parte das empresas e o próprio sucesso (e facilidade) do pix são fatores destacadas pelos principais especialistas para esse crescimento que se tem verificado a nível do volume de investimento em apostas esportivas.

Passar da lotérica para a tela do celular

Se o Pix, introduzido em 2021, é citado como um fator impulsionador das apostas online no Brasil, a realidade é que é impossível descartar a instantaneidade garantida pela experiência mobile.

A experiência de consumo nas plataformas de apostas, disponíveis na tela do celular de cada brasileiro, tornaram a experiência bem mais recreativa que a de uma ida até a lotérica.

Para lá de convidativa, pela sedução provocada pelas potenciais premiações,  a experiência é igualmente intuitiva e bem simples para qualquer tipo de apostador.

À reportagem da BBC Brasil, Victor Silva, pesquisador no Centro de Desenvolvimento Internacional da Harvard Kennedy School, destaca precisamente isso: “[As operadoras] desenvolveram plataformas nas quais apostar é bem simples. No jargão econômico, os custos de transação foram removidos e você não precisa ir até a lotérica. Você faz do sofá de casa, bastando tirar o celular do bolso”.

Brasil é dos mercados mais importantes para a Entain

Antonio Forjaz, diretor-geral na América da Entain, dona da Sportingbet, também fez sua leitura sobre a realidade do mercado em nosso país, afirmando mesmo que o Brasil “é hoje um dos mercados mais importantes” para a multinacional britânica.

“Assim como os Estados Unidos da América, o Brasil também é um país de alto crescimento e no qual depositamos muito foco, tanto por já ter uma receita considerável quanto por acreditarmos muito em seu potencial”.

O “consumo a partir do digital” em uma “indústria que está toda digitalizada” é outro dos fatores que fazem com que as operadores se voltem para o Brasil, tal como descreve André Gerlfi, sócio-diretor da Betsson.

“O Brasil tem um regime de proibição quase total de jogos de azar há mais de 80 anos. Na hora em que aparece uma alternativa de jogo, de entretenimento com essas características que está no seu telefone, no seu bolso, a pessoa fala: ‘Nossa, que legal! Nunca tinha visto isso'”, referiu Gelfi.

No país das bets e do futebol

O Brasil é um país de futebol.

De modo quase que lógico, o futebol é precisamente o esporte no qual os brasileiros mais apostam.

Por isso mesmo, as operadoras que entraram no mercado brasileiro foram bem inteligentes na hora de implantar sua marca e rapidamente chegaram aos principais times do futebol brasileiro.

Para lá da publicidade na web, nomeadamente nas redes, bem como física, de modo mais tradicional, as empresas do setor canalizaram seu investimento para o futebol brasileiro ao se associarem aos emblemas mais representativos.

Hoje, as Casas de Apostas legais constam nas camisas dos principais emblemas do futebol brasileiro e está claro que isso influencia o torcedor brasileiro a palpitar na bet sobre o resultado do jogo ou o saldo de gols, entre outras opções.

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