As temporadas se sucedem, mas os velhos hábitos permanecem. A paciência da diretoria da maioria dos clubes brasileiros continua a ser pouca e os técnicos sofrem isso na pele. Vagner Mancini, treinador que tinha assumido a Chapecoense no início da temporada, é o mais recente sacrificado de uma extensa lista de técnicos já despedidos no decurso do Brasileirão 2017.

Foto: "Divulgação/Chapecoense"

Foto: “Divulgação/Chapecoense”

Eleito para guiar o time principal da Chapecoense em uma altura de reestruturação, meses após a tragédia de Antioquia, Vagner Mancini foi despedido esta semana, após empatar a três com o Fluminense (3-3). A Chape caiu para a 15ª posição com 14 pontos conquistados em 11 partidas e a diretoria considerou que a melhor opção passava por abdicar dos serviços de um técnico que levou a Chapecoense ao título Catarinense e guiou o time em uma ótima campanha na Libertadores que terminou na fase de grupos devido à utilização irregular de Luiz Otávio, uma vez que desportivamente, a equipa se classificaria para a fase seguinte. O despedimento surge em um “timing”, no mínimo, estranho: apesar da queda de forma de um emblema que chegou a liderar o Brasileirão nas primeiras rodadas, o principal objetivo para a temporada é a permanência e, ao cabo de 11 rodadas, o time está cumprir esse objetivo, se situando três pontos acima da zona de relegação. Não obstante, os responsáveis do clube decidiram demitir Vagner Mancini após o quinto jogo sem vencer.

Mancini e mais sete

Dias antes do abandono de Vagner Mancini, Roger Ceni também tinha abandonado o comando do São Paulo, suscitando uma longa discussão nos painéis de comentaristas brasileiros. Ídolo da torcida, assumiu os destinos do time principal após “pendurar as botas”. Sem experiência anterior em termos de chefia técnica, foi eliminado do Paulistão, da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana, insucessos que não sentenciaram seu destino, até porque a equipa exibia princípios interessantes e a diretoria estava ciente de que a temporada não seria fácil. Porém, as constantes saídas do plantel e a grande vontade da diretoria em vender os ativos mais valiosos do “Tricolor Paulista” acabaram por “sabotar” o projeto, com a demissão do adjunto inglês Michael Beale a acontecer na sequência de numerosas situação desse gênero que o deixaram desmotivado.

Da lista de técnicos despedidos, Ney Franco foi o primeiro, deixando o Sport Recife após duas rodadas. A derrota na final da Copa do Nordeste frente ao Bahia foi decisiva para a decisão. Dorival Júnior, técnico que transitava da temporada anterior no Santos, caiu pouco depois, na sequência de quatro rodadas. Os resultados negativos, juntamente com alegados problemas no vestiário, ditaram a saída.

Nos recém-promovidos, também houve lugar a saídas. Marcelo Cabo deixou o Atlético Goianiense após quatro jogos, no início de junho. Doriva, seu sucessor, não tem conseguido melhorar a situação e o time segue na “lanterna”. O caso do Bahia é diferente. O início de campanha foi prometedor e Guto Ferreira parecia bem seguro no cargo, até que o Internacional de Porto Alegre (Série B) endereçou um convite para substituir Zago no comando. Guto rumou ao “Colorado” e não se enquadra na lista de “sacrificados”, uma vez que saiu por opção.

Acordo de cavalheiros

Vitória e Atlético Paranaense não abdicaram dos préstimos dos dois técnicos que iniciaram a temporada ao leme de seus times principais. A diretoria do Vitória optou por tirar a chefia do time ao sérvio Petkovic e lhe atribui o papel de diretor do futebol. Em Curitiba, situação semelhante. Paulo Autuori, treinador que no último ano já estava ao leme do “Furacão”, passou a desempenhar funções de “manager”, por troca direta com Eduardo Baptista, treinador que tinha iniciado no Palmeiras e foi substituído por Cuca, curiosamente seu antecessor.

Boas Apostas!