Até a edição de 2015 no Campeonato Brasileiro, a CBF registou manualmente a média de mais de 10 mil faltas, 1,5 mil impedimentos, 1,5 mil cartões amarelos e 100 cartões vermelhos. Porém, a partir desse ano, a entidade terá a ajuda da tecnologia para fazer esse controle, já que agora conta com um software criado pela empresa australiana SportsTec.

Símbolo da Comissão de Arbitragem da CBF.

Símbolo da Comissão de Arbitragem da CBF.

O Software analisará o desempenho individual de cada árbitro e assistente do futebol brasileiro. O sistema já era usado por 15 clubes da primeira divisão do Brasileirão para analisar o desempenho de seus jogadores, entre eles o Atlético-PR, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras e Vasco da Gama. Além dos clubes brasileiros já usarem a tecnologia, a seleção brasileira principal e base, o Comitê Olímpico Brasileiro também usam o software. Já na primeira rodada do campeonato, todas as partidas serão acompanhadas por analistas treinados, os quais darão a CBF o acesso instantâneo a vídeos de todas as ações dos árbitros, gerando assim relatórios sobre o desempenho de cada trio de arbitragem.

Para realizar esse trabalho, foram adquiridos dois programas diferentes, o SportsTec Coda e o Code. Ambos são auxiliados por outra ferramenta de scout (ferramenta de registro das informações e análise do jogo). Segundo a entidade responsável pelo futebol brasileiro, com a aquisição desse sistema, a CBF não tem a intenção de punir ou premiar os árbitros por seus resultados, mas sim melhorar o nível de qualidade da arbitragem brasileira, que muitas vezes já foi contestada. O presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, falou sobre o assunto: “Ao final do ano, vamos ter todas as informações. Ano passado marcamos quase 1,4 mil impedimentos, 10 mil faltas, 80 pênaltis, teremos tudo isso em vídeo e em fácil acesso para o árbitro rever sua posição, sua postura, sua decisão, tudo. É um arsenal didático para espalhar para todos. É para melhorar nossa orientação. Verificar por que ele errou ou não, qual foi a motivação, qual situação que o levou ao erro, ou usar bons exemplos. Hoje dependíamos muito dos comentários dos observadores. Agora temos a tecnologia para ter esse controle”.

Ainda segundo a CBF, no ano passado foram registrados 1.541 impedimentos, onde 90% (1390) deles foram corretamente marcados. Além de 10.887 faltas, 1.824 cartões amarelos e 109 cartões vermelhos, os quais, segundo a entidade, a maioria dessas marcações estavam corretas. “Não será uma ferramenta para os julgamentos, já temos as transmissões oficiais e elas são usadas nos julgamentos. Vamos usar a tecnologia para coletar informações e melhorar nossa avaliação dos árbitros, nos nossos treinamentos. Vamos ter todo o histórico dos árbitros, e agora eles sabem que estão sendo observados e têm todas suas situações analisadas, lances positivos para melhorar no futuro”.

A plataforma

Tela do sistema adquirido pela CBF para ajudar os árbitros brasileiros.

Tela do sistema adquirido pela CBF para ajudar os árbitros brasileiros.

Como já foi dito, para armazenar tantas informações são necessários dois sistemas diferentes, o SporsTec Coda e o Code. O primeiro é responsável por receber os vídeos e sincronizá-los com os protocolos de observação, no caso, as marcações de falta, aplicações de cartões amarelos e vermelhos, marcações de impedimentos, etc. Já o Code é responsável por editar os vídeos para cada um desses itens, sendo nele que o observador pode ver, por exemplo, todas as faltas marcadas por um árbitro. Toda essa plataforma (o SporsTec Coda e o Code juntos) possui uma base que pode ser usada em qualquer modalidade e cada cliente poderá mudá-la de acordo com suas necessidades. Segundo o gerente da SportsTec no Brasil, César Andrade, não se conhece o limite de dados gerados pela ferramenta. “Ela (plataforma) não tem limite, o limite é do observador. Dependendo do protocolo que se monta, podemos ter uma única variável. Mas posso ter também 10 dados referentes em uma única informação. Eles podem criar diversos itens e no final temos uma quantidade “X” de ações, é um pouco relativo. A questão numérica não vai importar tanto, e sim a avaliação do controle de jogo, das ações de prevenção, para não tornar o jogo de forma conturbada, como conversas, cartões amarelos. Portanto, a questão numérica não é um item primordial”.

O investimento para ter essa tecnologia fica entre R$ 60 mil e R$ 120 mil, contendo no “pacote” a licença para usar o software, o treinamento realizado, instalação do programa e os equipamentos utilizados, como tablets e computadores. Contando com a ajuda da SportsTec, a CBF preparou 48 instrutores para ficarem responsáveis por observar os árbitros e elaborar os relatórios necessários após cada partida. Segundo César Andrade, por enquanto as informações serão filtradas apenas pelos analistas, os quais repassarão para os árbitros. Porém, no futuro a ideia é que os juízes tenham o acesso aos dados de modo mais fácil.

Boas Apostas!