Paulo Autuori Campeão da Libertadores e Mundial em 2005 pelo São Paulo.
O treinador de 59 anos, Paulo Autuori, que já treinou mais de vinte e cinco clubes, como Botafogo, Cruzeiro, Internacional, São Paulo, Santos, Benfica e até a seleção do Qatar, é o novo técnico do Clube Atlético Paranaense. Mas vamos voltar ao passado e conhecer de uma forma resumida a extensa carreira de Autuori como treinador.
Formado em educação física pela Universidade Castelo Branco, em administração esportiva pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e em curso de treinador de futebol pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Paulo Autuori treinou algumas equipes brasileiras entre os anos de 1974 e 1986 antes de ir para a Europa, foram elas a Portuguesa-RJ, América-RJ, São Bento, Marília, Bonsucesso e Botafogo. Entre 1986 e 1995, o brasileiro foi para Portugal, onde treinou algumas equipes como Vitória de Guimarães, Nacional e Marítimo. E em 1995, Autuori voltou ao Brasil para treinar o Botafogo, ajudando o clube carioca a conquistar o campeonato brasileiro daquele ano. Em 1997, Paulo Autuori foi para o Cruzeiro, levando o time mineiro ao seu bicampeonato da Copa Libertadores da América e ao título do campeonato mineiro.
Depois do bom desempenho no Cruzeiro, Autuori trabalhou em mais alguns clubes brasileiros, voltou ao Vitória de Guimarães e treinou alguns clubes do Peru. Ainda no começo do ano de 2005, Autuori teve problemas com a Confederação Peruana e deixou o comando da seleção do Peru. Foi aí que o São Paulo FC contratou o brasileiro para substituir Emerson Leão. No primeiro ano o treinador foi campeão da Copa Libertadores da América e do Mundial de Clubes da FIFA. Na temporada seguinte, em 2006, ele saiu do São Paulo e foi dirigir outros clubes, mas sem muito sucesso.
No fim de 2009, Paulo voltou a treinar o Al-Rayyan, clube do Qatar que já havia sido treinado pelo brasileiro, com uma proposta de R$ 18 milhões por um contrato de dois anos. Em 2011, ele começou a treinar a seleção olímpica do Qatar, e em 2012, foi para a seleção principal, deixando-a em 2013, após a eliminação na Copa do Golfo. Novamente no Brasil, Paulo Autuori assumiu o comando do Vasco da Gama em março de 2013, seu clube de coração. Duas pessoas tiveram uma importante participação nesta contratação, René Simões, ex-diretor executivo do Vasco e Ricardo Gomes, diretor executivo de futebol do clube, que aliás era amigo intimo de Autuori. Mas já em julho, o técnico saiu do clube alegando estar insatisfeito com os atrasos de salários e resultados abaixo das expectativas.
Em 2013, Autuori voltou ao São Paulo, mas novamente não teve bons desempenhos, e foi demitido pelo clube. Ainda em 2013, o Atlético Mineiro anunciou que Paulo Autuori comandaria a equipe na temporada de 2014. Nesta temporada, o clube foi vice-campeão mineiro, mas foi eliminado nas oitavas-de-final da Copa Libertadores, o que gerou a demissão do técnico em abril de 2014. Seu último clube foi o Cerezo Osaka, do Japão, o qual assumiu em dezembro de 2014, Autuori pediu a demissão do clube em 2015.
Uma grande coincidência
Estádio Arena da Baixada com arquibancadas tubulares montadas para a final da Libertadores de 2005.
Como já foi dito, Paulo Autuori assumirá o comando do Atlético Paranaense. Mas o curioso é que Paulo Autuori era técnico do São Paulo na época em que o clube paulista foi campeão da Libertadores de 2005, em uma final de Libertadores muito questionável. Na temporada de 2005, Atlético Paranaense e São Paulo estavam nos grupos 1 e 3, respectivamente da competição. O clube paranaense terminou a primeira fase em segundo do seu grupo, passando por cima do Cerro Poteño, Santos e Chivas Guadalajara. Já o São Paulo terminou como líder e eliminou o Palmeiras, Tigres e River Plate.
Até a final, o Atlético mandava seus jogos da Libertadores na Arena da Baixada (hoje Arena Atlético Paranaense), porém, a partir do momento que venceu as semifinais, deu de cara com o regulamento da competição, que exigia que as finais fossem disputadas em estádios com capacidade para mais de 40 mil torcedores, um número que na época a Arena não comportava (a capacidade era de um pouco mais de 25 mil torcedores). Antes mesmo que o Furacão jogasse a segunda partida de semifinal, contra o Guadalajara, o Coritiba, maior rival do Atlético, se adiantou e enviou à Federação Paranaense de Futebol (FPF) um documento negando o empréstimo do Couto Pereira, mesmo sem o Furacão ter sequer pedido para jogar no Couto.
A diretoria do clube pensou em maneiras de garantir que a final acontecesse na Arena. No dia 1º de julho, o Atlético indicou a Arena como local da partida de ida da final, com a esperança de que o presidente da CONMEBOL, Nicoláz Leoz, lembrasse de quando afirmou que a Arena da Baixada era o mais moderno e seguro estádio da América, liberasse o estádio. Além disso, várias finais da Libertadores já tinham sido disputadas em estádios com capacidades inferiores à da Arena, como o estádio Palestra Itália.
Porém, a entidade sul-americana negou o pedido. Por outro lado, a entidade deu um prazo até o dia 5 de julho para que o Atlético aumentasse a capacidade da Arena da Baixada. Foi aí que a diretoria mandou construir uma arquibancada que comportasse 16 mil espectadores, o que deixaria a Arena com uma capacidade de 41 mil torcedores, como pedia o regulamento. A nova arquibancada ficou pronta um dia antes do prazo dado pela CONMEBOL e teve os laudos do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) e do Corpo de Bombeiros mostrando que a Arena era segura, estando pronta para receber a partida da final.
Se não foi fácil conseguir isso, o São Paulo estava pronto para dificultar mais ainda, o principal motivo para o clube paulista atrapalhar os planos do Furacão seria o fato de nunca ter vencido o Atlético dentro da Arena. O São Paulo tinha um grande poder político e ainda contava com o fato do presidente da CONMEBOL ser um são-paulino assumido. Resultado disso: o primeiro jogo da final não pôde acontecer na Arena da Baixada, além disso a partida foi transferida para o Beira Rio, em Porto Alegre.
Para muitos, principalmente aqueles que não simpatizam com o Clube Atlético Paranaense, afirmam que a mudança de estádio não interferiu em nada na partida. Mas vamos ser um pouco inteligentes, uma coisa é você jogar em sua cidade, com sua torcida lotando o estádio em que nunca perdeu de seu oponente. Outra bem diferente é ter que viajar mais de 740 km, que tanto desgasta os jogadores, como dificulta a presença de muitos torcedores, além é claro de jogar em um gramado e estádio diferentes. O resultado de tudo isso foi um empate em 1×1 na primeira partida e uma derrota por 4×0 no estádio Morumbi. Então o Atlético terminaria como vice-campeão da Copa Libertadores de 2005.
No meio disso tudo, estava Paulo Autuori treinando o São Paulo, que coincidentemente, 11 anos depois irá treinar o Atlético Paranaense, podendo até enfrentar o São Paulo se manter-se firme no comando do Furacão. Será que Autuori irá pagar alguma dívida histórica que tem com o Atlético e trará algum título para recompensar o passado? Isto o futuro nos dirá.
Boas Apostas!