A Áustria prepara-se para participar pela primeira vez em duas edições da Eurocopa de modo consecutivo. Estreante em 2008 na edição que organizou juntamente com a Suíça, a equipe austríaca voltou a marcar presença em uma fase final volvidos oito anos, na Eurocopa organizada na França. Sem qualquer presença na fase a eliminar, a equipe austríaco contabiliza seis encontros em fases finais mas ainda não alcançou qualquer vitória. Na realidade, são mais os desaires (4) que as ocasiões em que essa equipe austríaca pontuou (2) em jogos da Eurocopa, assim como são mais os golos sofridos (7) que os marcados (2). Nesse grupo C, a sorte da Áustria poderá mudar e acreditamos que tenha até uma chance de conseguir a classificação.

Histórico

A Eurocopa 2008 foi uma organização conjunta de Suíça e Áustria, mas nenhum das duas anfitriãs se deu particularmente bem na prova. A Suíça acabou foi eliminada na última posição do grupo A mas ainda conseguiu sua primeira vitória de sempre em uma fase final da prova continental, mas os austríacos nem isso puderam tirar da sua experiência. Sorteados no grupo B junto com Croácia, Alemanha e Polônia, os austríacos se despediram com apenas um ponto, um gol marcado e três sofridos. Derrotada por Croácia (0-1) e Alemanha (0-1), a Áustria foi ainda assim capaz de resgatar um ponto na receção aos poloneses. Para a história fica o gol de Ivica Vastic, na conversão de um pênalti e aos 45 do segundo tempo, o primeiro de sempre dos austríacos em uma Eurocopa.

Os austríacos não foram capaz de garantir a classificação para a Eurocopa disputada na Polônia/Ucrânia (2012) e o retorno só teve lugar em 2016, na França. Aí, a Áustria não foi capaz de fazer melhor que em 2008. Junto com as congéneres de Hungria, Islândia e Portugal, a seleção da Áustria conquistou apenas um ponto, marcou um gol e sofreu quatro. Derrotada por Hungria (0-2) e Islândia (2-1), a Áustria alcançou, ainda assim, aquele que é muito provavelmente seu melhor resultado até hoje em fases finais de uma Eurocopa ao travar Portugal (0-0), seleção que viria a erguer o troféu na final, disputada no Stade de France.

A seleção austríaca se apurou para a fase final dessa Eurocopa 2020 ao terminar no segundo posto do grupo G com 19 pontos, seis atrás dos poloneses. Para trás ficaram Macedônia, Eslovénia, Israel e Letônia. Curiosamente, a Macedônia do Norte se apuraria para a fase final através do “play-off” da Liga das Nações e a realidade é que acabariam sorteados no mesmo grupo que a Áustria, ditando um reencontro. Ora, é precisamente a presença da Macedônia do Norte na chave que pode acalentar a esperança da Áustria. Teoricamente inferior às seleções da Holanda e da Ucrânia, a Áustria parte à frente da Macedônia do Norte e as eliminatórias de apuramento nos dizem isso mesmo, tendo em conta que os austríacos levaram a melhor nos dois confrontos direito, fora de portas por 1-4 e nos seus domicílios por 1-2. Ao todo, a Áustria finalizou sua campanha de classificação com seis vitórias, um empate, três derrotas, 19 gols marcados e nove sofridos – marcou mais que a Polônia de Lewandowski, dado a reter.

Foto: “Reuters”

Apesar da parca experiência austríaca em Eurocopas, os “Burschen” já participaram de algumas edições da Copa do Mundo. A última ocasião em que a Áustria superou a fase de grupos de uma grande competição foi na Copa do Mundo da Espanha, em 1982. Após esse certame, já marcou presença na Copa do Mundo da Itália (1990) e na Copa do Mundo da França (1990).

Franco Foda

Se destacou ao serviço de Kaiserlautern e Bayer Leverkusen enquanto jogador, mas foi na Áustria que “pendurou as botas”, ao serviço do Sturm Graz. Seria precisamente no emblema de Graz que iniciaria sua carreira de técnico, primeiro na equipe secundária, posteriormente no time principal. A primeira passagem de Franco Foda enquanto técnico do Sturm Graz duraria entre 2001/02 e 2011/12, retornando posteriormente ao seu Kaiserlautern para a temporada 2012/13 e parte da época 2013/14. O retorno ao futebol alemão não correu da melhor maneira e, como tal, Foda retornou ao “seu” Sturm Graz em 2014/15. O desafio de comandar a seleção austríaca surgiu em 2017, após a Eurocopa 2017, sendo que essa será a primeira fase final para o treinador alemão que em 2010/11 se sagrou campeão austríaco com o Sturm Graz.

Na edição 2020/21 da Liga das Nações da UEFA, a Áustria conseguiu a promoção à zona A ao terminar no topo do grupo 1 da zona B, deixando para trás as congéneres da Noruega, da Roménia e da Irlanda do Norte.

Tudo gira em torno de Alaba

É indiscutível que David Alaba é a principal figura dessa seleção austríaca. Sua carreira no Bayern de Munique fala por si só, assim como um impressionante curriculum que conta com dez edições da Bundesliga, seis Copas da Alemanha, três Supercopas, duas Ligas dos Campeões, duas Supercopas europeias e duas Copas do Mundo de clubes. Alaba já conquistou tudo que há para conquistar e em mais que uma ocasião. Nesse verão de Eurocopa, Alaba promete ser uma das grandes mudanças. Talvez o fato de já ter ganho tudo que havia para ganhar na Baviera tenha motivado a mudança que se adivinha, com o internacional austríaco de malas feitas para, ao que tudo indica, rumar à capital espanhola e representar o Real Madrid. Com quase 80 internacionalizações pela Áustria, Alaba é um jogador versátil, um autêntico “faz tudo” nesta seleção da Áustria. De volante a atacante pela esquerda, Alaba atua onde é solicitado e é capitão e indiscutível para Franco Foda.

Desengane-se, no entanto, quem achar que as virtudes desse time da Áustria se esgota no talento de David Alaba. Sabitzer, Lazaro e Arnautovic atuarão na frente e prometem melhorar o desempenho austríaco comparativamente ao que aconteceu nas últimas duas (e únicas) edições da Eurocopa em que esta Áustria participou. Na frente do goleiro Bachmann, Dragovic, Hinteregger e Lainer são três elementos do quarteto mais recuado com experiência de Bundesliga e, como tal, com selo de competitividade a um ótimo nível que emprestarão a esta seleção da Áustria. No 1x4x2x3x1 de Foda,  também tem experiência entre a elite alemã: Julian Baumgartlinger e Stefan Ilsanker serão “guarda-costas” do virtuoso Sabitzer. Acreditamos que Alaba atuará efetivamente pela esquerda no esquema desse time austríaco.

Áustria na Eurocopa 2020

À terceira, a Áustria quer que seja de vez. Após duas edições da Eurocopa sem ir além da fase de grupos e sem vitórias, o conjunto austríaco acredita que é possível estar na fase a eliminar da competição. O enquadramento parece ser favorável, pelo menos no que toca à tentativa de vencer o primeiro encontro em uma fase final da Eurocopa. A Macedônia do Norte é provavelmente a seleção menos cotada de entre as que se encontram em prova, integra esse grupo C e perdeu os dois confrontos com a Áustria nas eliminatórias de apuramento. Tendo em conta que os melhores terceiros colocados se classificam às “oitavas” da prova, a Áustria pode ter aqui uma boa chance para cumprir com esse objetivo. Elaborando a hierarquia desse grupo C, a Holanda surge como favorita à vitória na chave segundo a maioria dos prognósticos em apostas (apesar das últimas ausências dos grandes palcos), a jovem seleção ucraniana numa segunda linha, a Áustria em terceiro e, por fim, a Macedônia. Os austríacos têm motivos para crer que é possível avançar à etapa a eliminar da Eurocopa pela primeira vez na história e as Casas de Apostas já definiram as cotações associadas a essa possibilidade.

Recordes da Áustria na Eurocopa

A Áustria participou de apenas duas fases finais da Eurocopa e seu registo não é propriamente entusiasmante. O melhor que conseguiu foi empatar com a Polônia na Eurocopa de 2008 e, em 2016, só pontuou frente a Portugal (0-0) – marcou apenas um gol emcada uma dessas edições da Eurocopa, o primeiro da autoria de Ivica Vastic, o segundo, à Islândia, por Alessandro Schopf. No que ao número de jogos em fases finais concerne, Martin Harnik é recordista com cinco presenças em fases finais da prova, seguido de Christian Fuchs (4) e Sebastian Prodl (4).

A experiência da Áustria em fases finais da Eurocopa é bastante reduzida. Considerando números associados a eliminatórias de classificação, o maior goleador da história da Áustria nesse contexto é Toni Polster com 15 remates na direção das redes contrárias. Marko Arnautovic, centro-avante da Áustria com 26 gols em 87 internacionalizações, está a dois gols de igualar Polster em jogos associados à Eurocopa. Para isso, precisa de fazer algo que a Áustria nunca conseguiu: dois tentos numa só fase final da Eurocopa.

Boas apostas!