A seleção da Hungria esteve 44 anos sem participar da fase final de uma Eurocopa, mas retornou em 2016 e conseguiu mesmo ir além da fase de grupos. Em três participações na prova, superou sempre a primeira fase, mas dessa vez terá uma tarefa hercúlea para cumprir esse objetivo atendendo à chave em que caiu. Outrora uma grande seleção, tal como demonstram os resultados alcançados em 1974 e 1972, a equipe húngara disputará dois dos seus três jogos perante mais de 60 mil torcedores na Puskas Arena, em Budapeste, pelo que a expetativa para a participação está nos píncaros.

Classificação via “play-off”

A seleção da Hungria beneficiou do “play-off” da Liga das Nações da UEFA para participar dessa Eurocopa 2020. O grupo das eliminatórias não correu de feição, dado que os húngaros terminaram no quarto lugar do Grupo E com 12 pontos, atrás de Croácia (17), País de Gales (14), Eslováquia (13) e superando apenas o Azerbaijão (1). No entanto, a prestação na Liga das Nações permitiria lutar por uma vaga através do “play-off”, uma novidade nas eliminatórias para essa Eurocopa e os húngaros não desperdiçaram a oportunidade. Na semi, foram ganhar da Bulgária por 1-3, ao passo que a decisão foi de emoções muito fortes. Em uma Puskás Aréna despida de público nas arquibancadas mas repleta de torcedores no exterior do estádio, a Hungria defrontou a Islândia e cedo viu o adversário chegar ao gol, logo aos 11 minutos. Esteve praticamente todo o jogo perdendo e só conseguiu igualar a contenda a dois minutos do final do segundo tempo, por Loic Nego. Já se perspetivava que a decisão seguisse para a prorrogação, mas aí apareceu um novo herói nacional: Dominik Szoboszlai, promissor jogador contratado pelo RB Leipzig ao Salzburg em 2021, apontou o gol da vitória já nos acréscimos e selou o apuramento do seu time. Infelizmente para os húngaros, Szoboszlai não entra nas contas para essa Eurocopa, sendo que nem sequer tem qualquer minuto jogado nesse ano civil por conta de problemas físicos. Esse é um duro golpe nas aspirações de Marco Rossi, técnico que vive o momento mais alto da sua carreira.

Foto: “Tamás Kovács / MTI”

O italiano que guiou a Hungria à Eurocopa

A Hungria se apresenta nessa Eurocopa 2020 sob orientação transalpina. Marco Rossi, técnico que teve uma carreira relativamente discreta enquanto jogador, assumiu os destinos da equipe nacional em 2018, depois de ter ganho crédito assumindo a batuta do Budapest Honvéd. Orientou o time na classificação para a Eurocopa, em duas edições da Liga das Nações e está atualmente a brigar pelo acesso à Copa do Mundo 2022. Na Conferência de Imprensa de antevisão ao primeiro encontro, frente a Portugal, Rossi teve uma declaração curiosa, tendo valorizado bastante o adversário: Estamos a falar de uma equipa que é a campeã em título e que ganhou a Liga das Nações. Tem jogadores de craveira mundial, de tal forma bons que eu poderia ser o motorista ou o rapaz dos equipamentos. Têm jogadores tão bons, se falasse num só, seria um desprimor para os outros”, referiu. Os húngaros querem fazer boa figura nessa Eurocopa, ainda mais atuando em casa, mas mesmo que terminem eliminados na primeira fase (cenário provável), Marco Rossi deverá permanecer ao leme do time.

Hungria à espreita da oportunidade

A Hungria dificilmente poderia ter mais azar no sorteio da sua chave nessa Eurocopa 2020, dado que foi sorteado junto de Portugal, França e Alemanha. Há que ser realista e assumir que as chances da Hungria são muito reduzidas, até porque a equipa entrará enquanto “outsider” em qualquer um dos três jogos, mas as Eurocopas costumam ser palcos de grandes surpresas e os magiares não entrarão em campo derrotados. Longe de pensar que podem assumir e rejeitando a ideia de procurar jogar de igual para igual tal como Marco Rossi falou na coletiva, a Hungria seria uma equipa mais expectante, procurará ser compacta e fechar os espaços entrelinhas aos seus adversários para depois se chegar à frente com qualidade e espreitar a oportunidade de fazer gol, sem esquecer as bolas paradas. O forte apoio dos seus torcedores será um fator que com toda a certeza galvanizará esse time que atuará com uma estrutura próxima de um 1x3x5x2 e que, em momento de organização defensiva, deverá assumir uma linha de cinco atrás formada por Nego, Botka, Orban, Attila Szalai e Holender, isso frente a Gulácsi, goleiro que é uma das referências dessa seleção e em quem os adversários poderão encontrar uma autêntica barreira. Ao centro, Nagy e Kleinheisler, jogadores com experiência de Eurocopa, com Sallai mais solto no apoio a Ádam Szalai e ao “gigante” Nikolic. Szoboszlai, com toda sua imprevisibilidade, é a maior baixa na Hungria para essa Eurocopa, time que também não pode contar com Kalmár. Roland Sallai poderá ser baixa para o primeiro desafio.

Hungria na Eurocopa 2020

Os húngaros estão na chave mais difícil da competição e as cotações das Casas de Apostas não abonam a seu favor. Mesmo considerando que os quatro melhores terceiros colocados se apuram para a fase seguinte, custa a crer que essa equipe tenha chances frente à campeã do mundo França, à campeã da Europa Portugal e à sempre poderosa Alemanha. Em 2016, a Hungria também defrontou Portugal e o encontro até se saldou em uma igualdade a três, mas Islândia e Áustria eram adversários bem mais acessíveis para os húngaros. O primeiro encontro, frente a Portugal, pode muito bem ser decisivo para as aspirações dessa equipe.

Recordes da Hungria na Eurocopa

A seleção da Hungria esteve 44 anos sem participar da fase final da uma Eurocopa, interregno entre 1972, ano em que atingiu as semis da prova, e 2016. Em 1964, o time conquistou o terceiro lugar da prova. Essa será a quarta participação da Hungria na fase final de uma Eurocopa e vale lembrar que em 2016 chegou nas oitavas, caindo depois para a Bélgica.

Flórián Albert. Dzsudzsák, Gera, Guzmics, Király (lembra das calças do goleiro chamado de “homem do pijama”?), Lang e Szalai são os húngros com mais partidas em fases finais da Eurocopa – 4 cada. Já Ferenc Bene, Dezso Novák e Dzsudzsák são os jogadores com mais gols na prova, nomeadamente dois cada. Alguns jogadores terão aqui oportunidade de dilatar esses mesmos registos, uma vez que estão entre os relacionados de Marco Rossi para a Eurocopa. A título de curiosidade, Gábor Király é  jogador mais velho de sempre a atuar na fase final de uma Eurocopa: 40 anos e 86 dias.

Boas Apostas!