D’Alessandro se emociona ao dizer que vai deixar o Internacional.

D’Alessandro se emociona ao dizer que vai deixar o Internacional.

Depois de mais de sete anos e meio jogando com a camisa do Internacional, o meia D’Alessandro sairá do clube gaúcho para jogar no futebol argentino. Em uma coletiva de imprensa realizada na sala de conferências do Beira-Rio nesta quarta-feira (03), o presidente do Internacional, Vitorio Piffero confirmou que o argentino voltará ao River Plate, clube que o revelou. O clube gaúcho aceitou uma proposta do River para emprestar o jogador por uma temporada inteira, podendo partir já nesta quinta-feira (04) para a Argentina.

Na coletiva, D’Alessandro não conteve as lágrimas e falou sobre a transferência: “Não é fácil para ninguém. São sete anos e meio convivendo com pessoas que me ajudaram muito. Fizeram que eu fosse um atleta e pessoa melhor, é um clube que me deu tudo. E eu tinha o pensamento que o tempo ia passando e eu queria sair bem, não queria que ninguém estragasse minha história, o momento certo para dar uma parada e fechar uma história muito bonita. O que passei aqui no clube não tem comparação com nada”.

Sobre o porquê de sua saída do clube gaúcho, D’Alessandro deixou claro de que é por vontade própria. “Quero explicar para vocês, que é verdade, estou saindo do clube. Estou saindo por uma vontade minha. […] Surgiu uma chance muito boa de jogar na Argentina, no clube onde fui revelado. Foi por causa do River Plate que consegui fazer uma carreira da qual não me arrependo em nada […]”. A saída temporária do camisa 10 tem também como motivo uma política de redução salarial na folha do clube.

Recentemente, Inter e D’Alessandro resolveram algumas pendências financeiras, que teriam se agravado com a variação cambial e alta do dólar, já que o pagamento do jogador é pago em dólar. A dívida seria de US$ 1,5 milhões (R$ 6 milhões) e esse valor seria pago em 10 parcelas. Em um acordo firmado entre o clube e o jogador, ficou combinado que a dívida seria paga pelo valor do dólar na data em que a dívida deveria ter sido paga, ou seja, se o Inter devia “x” em dezembro de 2014, o valor seria convertido para o valor da moeda americana naquela época.

O jogador ainda tem vínculo com o Inter até o fim de 2017, ano em que segundo o presidente, Vitorio Piffero, ele deve voltar ao clube gaúcho. “D’Alessandro se reapresenta quando iniciar a temporada do ano que vem. Até 31 de dezembro, fica no River, que pagará todo o salário.” D’Alessandro ainda poderá se despedir da torcida nesta quarta-feira, em um jogo válido pela segunda rodada do campeonato gaúcho, contra o São José. O jogador continuará concentrado e é uma opção para o técnico Argel. “Eu estou disponível para o treinador. Ele que vai decidir” declarou o argentino.

Clubes por onde D’Ale passou

D’Alessandro quando ainda jogava pelo River Plate.

D’Alessandro quando ainda jogava pelo River Plate.

Andrés Nicolás D’Alessandro nasceu em Buenos Aires, Argentina, no dia 15 de abril de 1981, estando agora com 34 anos. Ele iniciou sua carreira nas categorias de base do clube argentino River Plate, se destacando pela habilidade, inteligência, chutes e principalmente pela personalidade forte. Foi nesta mesma época que chamou a atenção do técnico da seleção argentina sub-20, José Pekerman. Em 2001, participou do Campeonato Mundial Sub-20 disputado na Argentina, sendo eleito o segundo melhor jogador do campeonato, atrás apenas do também argentino Javier Saviola.

Em 2003, D’Ale foi negociado com o Wolfsburg, da Alemanha, por aproximadamente 9 milhões de euros (R$ 25,5 milhões). Quando ainda jogava pelo Wolfsburg, D’Alessandro conquistou a inédita medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, com a vitória sobre argentina sobre o Paraguai por 1×0, gol de Carlos Tevez. Depois, ele foi emprestado ao Portsmouth, do futebol inglês, até o fim da temporada de 2005-06. Sua chegada teve uma grande importância para o resultado do time, que antes brigava para escapar do rebaixamento, e que com a chegada de D’Alessandro, terminou o campeonato em 17º colocado, quatro pontos na frente do Birmingham, primeiro rebaixado. Após algum tempo, D’Alessandro começou a tentar um retorno ao River Plate, porém sua esposa estava gravida e não poderia fazer uma grande viajem para a Argentina, então, restou ao jogador ir para o futebol inglês.

No começo da temporada 2006-07, D’Ale foi emprestado ao Real Zaragoza, time que atualmente disputa a segunda divisão do futebol espanhol, onde permaneceu até o fim de 2007. Na temporada de 2007-08, seus direitos federativos foram passados para o Real Zaragoza definitivamente, porém, como o time não vinha bem no campeonato espanhol, D’Alessandro foi emprestado no começo de 2008 para o San Lorenzo, que na época era treinado por Ramón Diaz, primeiro técnico de D’Alessandro no time profissional do River Plate.

O San Lorenzo pagou ao Real Zaragoza R$ 9 milhões para poder ter o jogador durante a Taça Libertadores da América de 2008. Nesta edição, o time argentino acabou sendo eliminado nas quartas-de-final pela LDU Quito (EQU), que posteriormente tornou-se a campeã.

“Era D’Alessandro” no Internacional

D’Alessandro é um dos grandes ídolos do Internacional.

D’Alessandro é um dos grandes ídolos do Internacional.

Depois de uma grande carreira na Europa e em times argentinos, D’Alessandro foi comprado pelo Internacional no segundo semestre de 2008, assinando um contrato de 4 anos por € 5 milhões (R$ 13,5 milhões). O jogador estreou logo em um clássico contra o Grêmio, pela Copa Sul-Americana, jogo que terminou 1×1, eliminando o Grêmio da competição.

Até o fim de 2008, D’Alessandro jogou com a camisa 15 no Inter, mesmo número usado por ele na seleção argentina, mas o principal motivo foi que Alex era dono da camisa 10. Com a saída de Alex, D’Alessandro passou a usar a 10, um pedido de Fernando Carvalho, ex-presidente do clube. Nesse mesmo ano, o Internacional conquistou a Copa Sul-Americana de 2008 e no ano seguinte, foi campeão invicto do Campeonato Gaúcho.

Em 2009, depois de ter sofrido uma lesão e de ter voltado a jogar em agosto, D’Alessandro foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva com cinco partidas de suspensão, o motivo seria uma confusão no jogo contra o Corinthians pela final da Copa do Brasil. Depois de ter sido expulso de campo, o argentino tentou brigar com Willian, zagueiro do time paulista, e o jogo teve que ser parado por vários minutos. A punição deveria ser cumprida apenas no campeonato brasileiro. A punição ainda foi diminuída, no começo eram 14 jogos de suspensão, mas acabou ficando em apenas cinco. Ele voltou a jogar em setembro, contra o Atlético-MG, e marcou o segundo gol na vitória por 3×0.

Em 2010, logo no começo do ano, em uma partida pelo campeonato gaúcho, D’Alessandro sofreu uma falta forte do zagueiro Ferreira, do Juventude, que além da entrada forte, desferiu um golpe com o joelho no rosto de D’Alessandro. O jogador teve que ser levado as pressas para o hospital, onde foi constatada uma fratura ao lado do olho direito e colocado uma placa metálica com micro parafusos no local. Esse procedimento afastou D’Alessandro por quase 40 dias dos gramados, voltando em março de 2010.

Já o ano de 2013 foi muito positivo para o argentino. Ele foi o capitão do time por toda a temporada e atingiu vários recordes com a camisa gaúcha. Em março, num jogo válido pelo campeonato gaúcho contra o Canoas, o jogador completou 200 jogos pelo Internacional. Em 22 de agosto de 2013, D’Alessandro fez seu 50º gols pelo Inter, contra o Salgueiro, pelas oitavas da Copa do Brasil. No mês de setembro, D’Ale marcou seu 100º gol, quando converteu um pênalti contra a Ponte Preta. E no dia 6 de abril de 2014, o argentino entrou na história do Estádio Beira Rio, como o primeiro a marcar um gol após a reinauguração do estádio, em uma partida amistosa contra o Peñarol, do Uruguai.

Os títulos conquistados com a camisa do Internacional foram os seguintes: Copa Sul-Americana (2008), Copa Suruga Bank (2009), Copa Libertadores (2010), Recopa Sul-Americana (2011) e Campeonato Gaúcho (2009, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015). Além de ter recebido o prêmio inédito Troféu EFE, que o escolheu como melhor jogador estrangeiro do Brasileirão em 2013.

Boas Apostas!