Mesut Ozil anunciou este domingo (22) que “não voltará a jogar pela Alemanha enquanto sentir que é alvo de racismo e desrespeito”. Depois do abandono prematura à fase final do campeonato do mundo da Rússia, nova situação conturbada para os germânicos.

Foto: "Reuters/Michael Darder"

Foto: “Reuters/Michael Darder”

O início da polêmica remonta ao dia 13 de maio, altura em que foi divulgada uma fotografia em que Mesut Ozil e Ilkay Gundogan, outro dos jogadores com ascendência turca que representa a seleção da Alemanha, posaram para uma fotografia em que surgem acompanhados pelo presidente turco Recep Erdogan, reeleito passado um mês. A fotografia, por sua conotação política, não caiu bem junto dos responsáveis pela Federação alemã, contribuindo para uma relação de crispação que, segundo médio do Arsenal, já existia em virtude das suas opiniões favoráveis tanto à imigração quanto ao multiculturalismo na Alemanha.

Em um extenso comunicado dividido em três partes que foi publicado na sua conta oficial no “Twitter”, Mesut Ozil explicou toda a situação. Numa primeira parte, se debruçou sobre o encontro com o presidente Erdogan, no segundo acerca da relação com mídia e patrocinadores, ao passo que a terceira é totalmente dedicada à Federação alemã de futebol, revelando inclusive um pedido de deslocação a Berlim para falar com o presidente da entidade na sequência da foto em que surgiu acompanhado por Erdogan. Em relação a esse mesmo acontecimento, Mesut Ozil afirma ter tirado a foto por considerar que a recusa seria “uma falta de respeito para com as suas raízes turcas”, afiançando que apesar da polêmica voltaria a fazê-lo.

Na legenda da publicação, Mesut Ozil refere que “as últimas semanas” serviram para refletir acerca dos eventos dos últimos meses que levaram à tomada da decisão. O jogador de 29 anos, campeão do mundo pela Alemanha em 2014, leva mais de 90 internacionalizações com a camisa alemã.

“Devidos aos acontecimentos recentes, não jogarei mais pela Alemanha enquanto sentir que sou alvo de racismo e racismo. Sempre usei a camisa do meu país com orgulho, mas agora não é isso que acontece. Quanto até os altos dirigentes da federação me tratam desta forma, desrespeitando as minhas origens turcas e convertendo-me, de forma egoísta, em um objetivo de propaganda política, não tenho outra opção”, se pode ler no comunicado.

Não obstante, o jogador deixa em aberto a possibilidade de voltar a representar a seleção, não transmitindo que essa é uma renuncia com efeito definitivo.

Angela Merkel respeita decisão

A chanceler alemã Angela Merkel não se pronunciou de “viva voz” em relação a essa tomada de decisão por parte de Mesut Ozil, mas Ulrike Demmer, sua porta-voz, fê-lo: “como sabem, a chanceler aprecia as qualidades de Mesut Ozil bem como tudo o que fez pela seleção nacional. Essa é uma decisão que deve ser respeitada”. No que à política de emigração respeita, Demmer considerou que a Alemanha é um “país aberto” aos imigrantes.

A Federação alemã, por sua vez, negou todas as acusações do jogador.

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