O “Capita”, como era carinhosamente chamado, nosso eterno capitão, encerrou sua longa trajetória vitoriosa nesta terça-feira (25). Aos 72 anos e com problemas de saúde que potencializavam a probabilidade de um ataque cardíaco, Carlos Alberto Torres morreu de um ataca cardíaco fulminante, levado por sua esposa ao hospital, já chegou sem sinais e após tentativas de reanima-lo, infelizmente foi constatado o óbito.

Carlos Alberto Torres comentarista (2015).

Comentarista Carlos Alberto Torres (2016).

O ex-jogador, capitão da seleção brasileira ficou eternamente na memória de todos os brasileiros após erguer a taça Jules Rimet, de campeão da Copa do Mundo de 1970 pela seleção brasileira, o título foi o terceiro conquistado pelo Brasil e teve um elenco considerado um dos melhores times de todos os tempos do futebol mundial. O capitão tinha grande influência naquele time que contava com jogadores como Félix, Piazza, Brito, Everaldo, Clodoaldo, Gerson, Rivelino, Tostão, Jairzinho e o rei Pelé. Com um elenco destes alguns acham que seria fácil ser capitão, porém quem acompanhou lembra que até Pelé escutava as broncas e as vezes concordava de cabeça baixa.

O jogador que tanto marcava quanto atacava, no setor defensivo o lateral-direito que na época era visto como um marcador fazia seu papel com alto poder de marcação, no tanto que atuou até seus 38 anos, um fato inédito na época. Com essa idade jogava no New York Cosmos dos Estados Unidos e exercia a função de zagueiro. Carlos Alberto Torres tinha grande habilidade e contava com fôlego e capacidade para subir ao ataque e fazer gols como elemento surpresa, um jogador encarado como moderno para seu tempo, que revolucionou a função de lateral-direito. Sua autoridade dentro de campo o credenciou a capitão da seleção brasileira.

Campeão da Copa do Mundo de 1970 

Seleção do Brasil campeã mundial de 1970 (Carlos Alberto é o primeiro da esquerda em pé).

Seleção do Brasil campeã mundial de 1970 (Carlos Alberto é o primeiro da esquerda em pé).

A Copa do Mundo de 1970 foi realizada no México, esta copa teve um fato muito marcante, o jogo do século, válido pela semifinal entre Alemanha Ocidental e Itália, onde a Itália vencia por 1×0 até os 90 min, quando a Alemanha empatou. Na prorrogação após várias viradas de placares, a Itália venceu por 4×3, único jogo que teve 5 gols feitos em prorrogação na história. O artilheiro da copa foi o alemão Gerd Muller com 10 gols e Pelé foi eleito o melhor jogador.

Vamos passar a limpo a tão famosa campanha da seleção brasileira na Copa de 1970, repare no Jairzinho, apelido “Furacão da Copa”, ele simplesmente fez gol em todos os jogos da copa. A seleção brasileira caiu no Grupo 3 juntamente com Inglaterra, Romênia e Tchecoslováquia. O Brasil foi campeão após vencer a Tchecoslováquia por 4×1 com um gol de Rivelino, um de Pelé e dois de Jairzinho, depois no segundo jogo vencer a Inglaterra por 1×0 com gol de Jairzinho e no terceiro jogo vencer a Romênia por 3×2 com dois gols de Pelé e um de Jairzinho. Nas quartas de finais, o Brasil pegou o Peru e venceu por 4×2 com gol de Rivelino, dois de Tostão e um de Jairzinho. Nas semifinais, o Brasil venceu o Uruguai por 3×1, com um gol de Clodoaldo, um de Jairzinho e um de Rivelino. Assim o Brasil chegava na grande final da copa de 70.

O Brasil enfrentou a Itália, que tinha protagonizado o jogo do século contra a Alemanha na semifinal, a seleção brasileira não decepcionou, venceu por 4×1 com gol de Pelé aos 18’, Gérson aos 66’, Jairzinho aos 71’ e sem dúvida um dos momentos que eternizou Carlos Alberto Torres, foi o quarto gol na final da Copa do Mundo de 1970 contra a Itália, o Brasil estava quase todo no ataque  quando Pelé chamou a defesa para a meia lua da grande área e sem olhar tocou a bola para a direita, o “Capita” pegou um chute de primeira na diagonal, indefensável para o goleiro Enrico Albertosi, o Brasil decretava a vitória e o terceiro caneco de Campeão Mundial.

A carreira e títulos do nosso “Capita”

New York Cosmos em 1977 com Carlos Alberto Torres e Pelé.

Carlos Alberto Torres e Pelé no New York Cosmos (1977).

Nascido em 17 de julho de 1944, Carlos Alberto Torres iniciou sua carreira futebolística profissional pelo Fluminense aos 19 anos, onde permaneceu por 3 anos, foi nos tempos de Fluminense onde recebeu sua primeira convocação para a seleção brasileira. O Capita ainda jogou pelo Santos e Botafogo antes de ir para os Estados Unidos mostrar o bom futebol para os gringos, lá ele atuou pelo New York Cosmos. Pelo Cosmos atuou ao lado de Pelé e conquistou diversos títulos nacionais e foi o clube em qual encerrou a carreira como jogador profissional. Atuando pelo Cosmos Obteve seu lugar no National Soccer Hall of Fame. De 1977 até 1982 foram 9 títulos e mais de 115 jogos. Em 1981, ainda disputou uma temporada pelo extinto California Surf.

Sua história com a camisa amarelinha durou 7 anos recheados de glórias. O auge de sua passagem pela seleção brasileira foi capitanear a fantástica seleção de 1970 e é conhecido até hoje como “Capita”. Após sua carreira de jogador, treinou várias equipes brasileiras como Flamengo, Fluminense, Corinthians e Botafogo conquistando o Campeonato Brasileiro de 1983 com o Flamengo de Zico, o Campeonato Carioca de 1984 com o Fluminense e com o Botafogo conquistou a Copa Conmebol em 1993. Treinou ainda as seleções de Omã em 2000/2001 e também, Azerbaijão em 2004/2005.

Fora do mundo do futebol, foi vereador na cidade do Rio de Janeiro de 1989 a 1993 e ainda tentou ser vice prefeito da mesma cidade, não obtendo sucesso. O “Capita” ultimamente vinha trabalhando de comentarista no canal esportivo “Sportv” desde 2010. Após três casamentos era pai de Andrea e Alexandre Torres. Um fato curioso é que seu irmão gêmeo Roberto Torres havia falecido há um mês atrás. Carlos Alberto Torres morre, mas ele nos deixa um legado para tanto o nosso futebol brasileiro, quanto ao futebol mundial, sendo um dos maiores laterais direitos do futebol mundial.

Boas Apostas!